Princípios da terapia nutricional segundo
GANT
Nosso
assunto hoje é a terapia nutricional que é o conjunto de procedimentos terapêuticos para manutenção ou
recuperação do estado nutricional do paciente por meio da Nutrição Parenteral e
ou Enteral e que acaba sendo deixada de
lado muitas vezes por profissionais que não a consideram uma medida terapêutica
essencial.
Nos casos
cirúrgicos por exemplo, quanto mais bem nutrido o paciente estiver, mais rápida
será a sua recuperação e cicatrização, ainda assim a maioria das prescrições de
dieta pré-operatória restringem a alimentação a apenas líquidos não apenas por
horas antes da cirurgia mas até por dias. O início da alimentação após a
cirurgia pode levar outros tantos dias, sendo a dieta um ponto pouco observado
e até desconsiderado nas prescrições.
De acordo
com o professor
John P. Grant (Handbook of Parenteral Nutrition 2nd ed, trad. de Eduardo Eiras
Moreira da Rocha) não há doença que se
beneficie de jejum ou de soro glicosado. Sempre que glicose a 5% é empregada
como parte da terapia médica, deve-se estar ciente de que esta é uma prescrição
para desnutrição, sendo feita como parte dos cuidados com o paciente.
Devemos lembrar ainda que a desnutrição progressiva
leva à atrofia de órgãos vitais com prejuízo da sua função. Portanto, durante a
internação hospitalar muitas vezes espera-se que a função de um órgão melhore
sem que a nutrição adequada do mesmo seja feita.
Há relação linear entre a o tempo de instalação da desnutrição e
morbidade-mortalidade, ou seja, quanto mais rápido a desnutrição se instala
maior a chance de a doença se agravar ou até de ocorrer o óbito. Por ser
considerada onerosa,não apenas do ponto de vista financeiro, crê-se como suficiente e satisfatoriamente meritório
“salvar” algum paciente sem que tenha sido necessário valer-se da terapia
nutricional, sendo que ao contrário disso a meta deve ser sempre obter o melhor
resultado possível.
Muitas outras vezes considera-se a redução
de da mortalidade, de tempo de internação e de custos como argumentos para
incentivar a TN, mas realmente esquece-se que manter e melhorar o estado
nutricional por si só já é um grande objetivo. Não
confundir esta meta principal com metas secundárias tais como melhora da
doença, maior sobrevida, redução das complicações clínicas e cirúrgicas, etc. –
estas, profundamente relacionadas à doença de base. Sendo assim há apenas uma indicação
para uso do suporte nutricional – a manutenção e a
repleção do estado nutricional. Não existe outra intervenção médica dirigida a
isto.
Outro hábito apesar de
amplamente observado mas que não apresenta mérito algum é a procrastinação do
início da terapia nutricional. Quando
for empregado, o suporte nutricional deve ser iniciado cedo, antes que a
desnutrição se desenvolva ou tão logo possível se ela já estiver presente. Nos
casos de pacientes próximos da morte ou fora de possibilidade terapêutica os
mesmos não devem receber terapia nutricional para “complementação”.
NUTRICIONISTA KAROLINE C. TRAI
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