1. O
que é Oxigenoterapia Hiperbárica?
A medicina
hiperbárica e a oxigenoterapia hiperbárica (OHB) são modalidades terapêuticas
que utilizam o efeito experimentado pelo organismo ao ser submetido a uma
pressão acima da pressão atmosférica. Consiste em inalar oxigênio puro
(respirar O2 100%), sob pressão acima da atmosférica, usualmente entre 2 a 3
atmosferas. Ao administrarmos oxigênio a 100% a um paciente submetido a uma
pressão 2 a 3 vezes maior que a pressão atmosférica, no interior de uma câmara
hiperbárica atingimos, além da saturação de 100% da hemoglobina, um aumento
significativo da quantidade de oxigênio livre, não ligado à hemoglobina,
dissolvido no plasma. Desta forma, são alcançados níveis extremamente elevados
de O2 no plasma (até 2.000 mmHg). Nestas condições, observa-se a melhora dos
processos de cicatrização de feridas e um combate efetivo a várias infecções,
dentre outros efeitos que justificam as diversas indicações da oxigenoterapia
hiperbárica. A administração deste tratamento se faz de forma intermitente, em
sessões diárias com duração de duas horas. A duração do tratamento varia de
acordo com características individuais dos pacientes, conforme a patologia e a
evolução observada durante o tratamento, em consonância com protocolos internacionais.
2. Há
quanto tempo esta tecnologia é utilizada no Brasil?
De modo empírico já se observou o efeito
terapêutico da condição hiperbárica desde o século XVII; mas vem sendo
utilizado de forma científica a partir de meados do século XX. No Brasil temos
o trabalho pioneiro desenvolvido por um grupo de pesquisadores do hospital
Gaffré Guinle no Rio de Janeiro destacando o do professor Álvaro de Almeida
Osório na década de 30. Posteriormente após longo período de abandono da
técnica por falta de estímulo à pesquisa e desconhecimento do método no meio
médico, na década de 80 ressurgiu com a instalação de câmaras hiperbáricas para
ao tratamento de doença descompressiva nos trabalhadores de tubulões
pneumáticos na construção da ponte Rio-Niterói e em São Paulo na construção do
metrô.
3.
Que
tipo de equipamento é necessário para sua aplicação?
O equipamento necessário para criar a
condição hiperbárica de forma absolutamente segura é uma câmara hiperbárica
devidamente “certificada”. As câmaras hiperbáricas podem ser do tipo
“monoplace” (para um paciente apenas), ou as chamadas “multiplace” que são
apropriadas para acomodar mais pacientes, um auxiliar técnico, também chamado
de guia interno e um médico hiperbarista.
4.
Quais
os tipos de tratamento adequados para o seu uso?
A OHB é indicada como tratamento principal
ou coadjuvante, em diversas doenças agudas ou crônicas, de natureza isquêmica,
infecciosa, traumática ou inflamatória, geralmente graves e refratárias aos
tratamentos convencionais.
As indicações cientificamente reconhecidas
para a OHB, constantes da resolução CFM nº 1.457/95 são: embolias aéreas e
embolias traumáticas pelo ar; doenças descompressivas do mergulho ou do
trabalho em ambientes pressurizados; pneumocéfalo; envenenamento ou intoxicaçõo
por gases ou fumaça; gangrena gasosa clostridiana: mionecrose fulminante;
infecções necrotizantes como celulites, fasciítes e miosites, especialmente
quando afetam áreas nobres como pescoço, colo, abdome, genitália ou períneo (S.
de Fournier) e no pé do diabético com mal perfurante plantar; úlceras crônicas
em membros inferiores, por insuficiência vascular, arterial ou venosa,
infectadas ou não; úlceras de compressão: escaras de decúbito; infecções ósseas
refratárias como osteomielites, inclusive de esterno; osteorradionecrose e
lesões de tecidos por radiação como radiodermites e retites ou cistites
actínicas; queimaduras de 2º grau extensas ou em áreas nobres ou de 3º grau,
especialmente na fase aguda, quer sejam térmicas, químicas ou elétricas;
isquemias traumáticas agudas com esmagamento, síndrome compartimental ou
amputação; preparo de regiões para enxertias ou na viabilização de enxertos;
vasculites agudas de causa alérgica, medicamentosa ou por toxinas biológicas
como de aracnídeos, ofídios e insetos; anemias graves, provisoriamente, durante
a impossibilidade de transfusão sangüínea; e processos inflamatórios crônicos
como fístulas enterocutâneas da doença de Crohn, enterorragias por retocolites
e colite pseudomembranosa.
5.
Qual
o seu principal valor terapêutico?
Col: Dr. Roque Angerami
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