domingo, 4 de novembro de 2012

Oxigenioterapia Hiperbárica I




1.     O que é Oxigenoterapia Hiperbárica?

A medicina hiperbárica e a oxigenoterapia hiperbárica (OHB) são modalidades terapêuticas que utilizam o efeito experimentado pelo organismo ao ser submetido a uma pressão acima da pressão atmosférica. Consiste em inalar oxigênio puro (respirar O2 100%), sob pressão acima da atmosférica, usualmente entre 2 a 3 atmosferas. Ao administrarmos oxigênio a 100% a um paciente submetido a uma pressão 2 a 3 vezes maior que a pressão atmosférica, no interior de uma câmara hiperbárica atingimos, além da saturação de 100% da hemoglobina, um aumento significativo da quantidade de oxigênio livre, não ligado à hemoglobina, dissolvido no plasma. Desta forma, são alcançados níveis extremamente elevados de O2 no plasma (até 2.000 mmHg). Nestas condições, observa-se a melhora dos processos de cicatrização de feridas e um combate efetivo a várias infecções, dentre outros efeitos que justificam as diversas indicações da oxigenoterapia hiperbárica. A administração deste tratamento se faz de forma intermitente, em sessões diárias com duração de duas horas. A duração do tratamento varia de acordo com características individuais dos pacientes, conforme a patologia e a evolução observada durante o tratamento, em consonância com protocolos internacionais.

2.     Há quanto tempo esta tecnologia é utilizada no Brasil?

De modo empírico já se observou o efeito terapêutico da condição hiperbárica desde o século XVII; mas vem sendo utilizado de forma científica a partir de meados do século XX. No Brasil temos o trabalho pioneiro desenvolvido por um grupo de pesquisadores do hospital Gaffré Guinle no Rio de Janeiro destacando o do professor Álvaro de Almeida Osório na década de 30. Posteriormente após longo período de abandono da técnica por falta de estímulo à pesquisa e desconhecimento do método no meio médico, na década de 80 ressurgiu com a instalação de câmaras hiperbáricas para ao tratamento de doença descompressiva nos trabalhadores de tubulões pneumáticos na construção da ponte Rio-Niterói e em São Paulo na construção do metrô.



3.        Que tipo de equipamento é necessário para sua aplicação?

O equipamento necessário para criar a condição hiperbárica de forma absolutamente segura é uma câmara hiperbárica devidamente “certificada”. As câmaras hiperbáricas podem ser do tipo “monoplace” (para um paciente apenas), ou as chamadas “multiplace” que são apropriadas para acomodar mais pacientes, um auxiliar técnico, também chamado de guia interno e um médico hiperbarista.

4.        Quais os tipos de tratamento adequados para o seu uso?
A OHB é indicada como tratamento principal ou coadjuvante, em diversas doenças agudas ou crônicas, de natureza isquêmica, infecciosa, traumática ou inflamatória, geralmente graves e refratárias aos tratamentos convencionais.
As indicações cientificamente reconhecidas para a OHB, constantes da resolução CFM nº 1.457/95 são: embolias aéreas e embolias traumáticas pelo ar; doenças descompressivas do mergulho ou do trabalho em ambientes pressurizados; pneumocéfalo; envenenamento ou intoxicaçõo por gases ou fumaça; gangrena gasosa clostridiana: mionecrose fulminante; infecções necrotizantes como celulites, fasciítes e miosites, especialmente quando afetam áreas nobres como pescoço, colo, abdome, genitália ou períneo (S. de Fournier) e no pé do diabético com mal perfurante plantar; úlceras crônicas em membros inferiores, por insuficiência vascular, arterial ou venosa, infectadas ou não; úlceras de compressão: escaras de decúbito; infecções ósseas refratárias como osteomielites, inclusive de esterno; osteorradionecrose e lesões de tecidos por radiação como radiodermites e retites ou cistites actínicas; queimaduras de 2º grau extensas ou em áreas nobres ou de 3º grau, especialmente na fase aguda, quer sejam térmicas, químicas ou elétricas; isquemias traumáticas agudas com esmagamento, síndrome compartimental ou amputação; preparo de regiões para enxertias ou na viabilização de enxertos; vasculites agudas de causa alérgica, medicamentosa ou por toxinas biológicas como de aracnídeos, ofídios e insetos; anemias graves, provisoriamente, durante a impossibilidade de transfusão sangüínea; e processos inflamatórios crônicos como fístulas enterocutâneas da doença de Crohn, enterorragias por retocolites e colite pseudomembranosa.




5.        Qual o seu principal valor terapêutico?

A hiperóxia induzida pelo OHB tem marcante efeito de reduzir o edema de causa inflamatória, corrigir a hipóxia, estimular a neoformação vascular, bem como estimular os neutrófilos, macrófagos, osteoclastos, fibroblastos, combatendo direta e indiretamente a infecção e estimulando a formação do tecido de granulação e otimizando o processo da cicatrização.


Col: Dr. Roque Angerami

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